CONTO

Mistérios de uma noite estrelada

Tudo era imóvel e silencioso, exceto pelo tilintar da consciência e do remorso chegando à superfície dos seus pensamentos.
Quando percebeu que os dois estavam mortos, aproximou-se para arrancar um pouco de cabelo de cada um deles. Isso se tornou costume desde a segunda vítima, quando resolveu guardar consigo um pouco dos que ‘deram a vida por ele’.
Foi pensando no sedutor olhar de Belle e na reviravolta que ele lhe causava, que Pablo trocara suas noites de insônia e pesadelos por lindos sonhos. E a esperança de um possível amor tornava isso cada vez mais confortante em sua mente. A moça era dona de uma beleza delicada e única, não diferente de seu pretendente, que apesar de muito bonito nunca se envolvera de verdade com alguém, nunca havia amado.
Belle se distanciava cada vez mais dos seus pensamentos, dando espaço às confusas idéias de Pablo, que dentro de algum tempo voltaria a ter uma vida normal. E, de certa forma, toda aquela ansiedade que sentia pelo desfecho dessa fase, era por ela, pela mulher por quem sentia uma atração imensa e não agüentava mais esperar para poder declarar todo esse sentimento. Sentimento esse que ele acreditava ser correspondido.
E por fim, antes de sair para o último passeio noturno, ele se lembrou daquele infeliz dia. O dia que mudou toda a sua vida. Mesmo sendo um homem frio, sua vida era comum... Não depois daquele dia.
Uma senhora baixa e de silhueta arredondada, pele envelhecida e cabelos levemente estragados, coberta de acessórios coloridos. Andava pela rua assediando quem fosse, era bastante insistente! Até que parou na sua frente e desatou a falar, ela não parecia ser confiável, mas a chata insistência e a curiosidade daquele pobre homem o fizeram entrar pra uma consulta. – Sente-se, meu querride, que desejarr?