Construtivismo
Segundo Solomon (1994), o construtivismo tem sido um redescrição frutífera das idéias dos alunos. "O que era lugar comum e indígno de nota se tornou significante; o que era bem conhecido para ser pensado como merecedor de comentários se tornou, repentinamente, a substância de uma pesquisa iluminadora" (Solomon, 1994, p. 6). Como consequência, "o fenômeno da persistência de misconceptions (...) foi redescrito como uma variedade de explicações científicas coerentes que foram construídas e testadas contra experiência" (idem,
p. 4). A valorização das idéias dos estudantes reforça a noção do "aluno já como um cientista"
(idem, p. 16).
Ao mesmo tempo em que o status das estruturas conceituais alternativas dos alunos era aumentado, o assim denominado strong programme em Sociologia do Conhecimento (por exemplo Collins & Pinch, 1982; Bloor, 1976) se encarregava de suavizar a imagem do pensamento científico como algo rigoroso e racional. A consequência é que não se poderia traçar uma linha clara de demarcação entre idéias dos aprendizes e aquelas de cientistas profissionais (Solomon, 1994, p. 10. Para uma crítica do strong programme em Sociologia do
Conhecimento, ver Slezak, 1994a e 1994b).
As consequências dessa aproximação entre idéias científicas e idéias das crianças não tardariam a aparecer. Os modelos filosóficos aplicáveis às mudanças conceituais ocorridas na história da ciência são transplantados para o ensino de ciências, gerando as famosas estratégias de ensino para mudança conceitual, às quais retornaremos mais tarde. Ao mesmo tempo, essa proximidade reforça a crença de que as idéias alternativas das crianças poderão ser transformadas em idéias científicas, desde que expostas a situações de conflitos, normalmente propiciadas por "experimentos cruciais". O monitoramento desse processo levará à superação do conflito, seja pelo abandono das idéias anteriores, seja por sua subsunção as idéias científicas, mais poderosas.
As