Conhecimento
Hoje, passados 95 anos, o rei é venerado por preferir suicidar-se a ser capturado e, consequentemente, colonizado pelos portugueses, após o enfraquecimento do seu Estado, em 1917, pelas forças ocupacionistas. Pertencente ao reino mais poderoso da tribo Ambós, o rei Mandume –ya-Ndemufayo, comandou os destinos do povo Kwanhama num dos períodos mais difíceis da história da região sul, de 1911 a 1917. Desde então, o seu nome e feito ficaram marcados na tradição dos Ambós, que o apelidaram de "O cavaleiro incomparável". A sua determinação dificultou o projecto de implantação da administração colonial, impondo duras derrotas às tentativas de ocupação do seu território, o que levou os europeus a aliarem-se contra o seu reino. Durante o reinado de Mandume, as guerrilhas entre os povos africanos acabaram e passaram a ser apenas contra os portugueses que, a todo custo, tentavam ocupar a parte sul de Angola. Antes da ocupação colonial, os Ambós estavam divididos pelos reinos, Kwanhama (o mais importante), Kuamatuis (pequeno e grande), os dois estados do Evale, Dombala e Kafima. Estes estados viviam unidos e não havia guerras entre si, salvo alguns conflitos por causa das guerrilhas no sul de Angola. Além de Portugal, a Alemanha também queria dominar aquela parte de Angola, rica em recursos minerais e gado. Depois da realização da conferência de Berlim, em 1885, os dois contendores firmaram um acordo sobre a fronteira sul de Angola, assente na delimitação actual.
Apesar do acordo, os alemães ainda alimentavam esperanças de vir a apoderar-se do sul de Angola, situação que fez com que Portugal ocupasse efectivamente o território. De 1886 a 1915 os colonizadores não tiveram a possibilidade de conquistar o Ambó, devido à resistência no reino vizinho do Humbe. Por seu turno, os alemães faziam comércio e vendiam armas ao reino, esperando por uma oportunidade para o ocuparem. Com o início da primeira guerra