Confeitaria
MÁRTIN CÉSAR TEMPASS1 UFRGS
RESUMO: Nas obras de Gilberto Freyre e Câmara Cascudo, que tanto influenciaram a literatura sobre a alimentação brasileira, a participação dos grupos indígenas no processo de formação da doçaria nacional é negligenciada. Contudo, é possível encontrar nas “entrelinhas” das obras destes dois autores valiosas informações sobre as contribuições indígenas a este processo. A partir destes dois autores e baseado na noção de sistemas culinários, o presente artigo busca situar o papel dos grupos indígenas na formação da doçaria brasileira e elencar as possíveis razões para a invisibilidade da doçaria de origem indígena no processo de formação da culinária nacional. PALAVRAS-CHAVE: Grupos indígenas; sistemas culinários; doçaria; culinária brasileira. ABSTRACT: In the books of Gilberto Freyre and Câmara Cascudo, that influencied so much the literature about brazilian alimentation, the participation of indigenous groups in the national sweets formation process is negligencied. However, is possible to find in book´s “interlineations” of these two authors valuables informations about indigenous contributions to this process. Starting from these two authors and based in the culinary system notion, this paper quests to situate the role of indigenous groups in the brazilian sweets formation and numbers the possibles causes to invisibility of sweets by indigenous at the culinary formation process. KEYWORDS: Indigenous groups; Cuisine system; Sweets; brazilian culinary.
Há um gosto todo especial em fazer preparar um pudim ou um bolo por uma receita velha de avó. Sentir que o doce cujo sabor alegra o menino ou a moça de hoje já alegrou o paladar da dindinha morta que apenas se conhece de algum retrato pálido mas que foi também menina, moça e alegre. Que é um doce de pedigree, e não um doce improvisado ou imitado dos estrangeiros. Que tem história. Que tem passado. Que já é profundamente nosso.