Comparação Dogville/Laranja Mecânica/Trainspotting/Clube da Luta

Ver não é enxergar

“Porque a todos é concedido ver, mas a poucos é dado perceber. Todos veem o que tu aparentas ser, poucos percebem aquilo que tu és.” (Maquiavel)

Todos os filmes compartilham de modos diferentes um mesmo ideal que é a Dualidade. No filme O Clube da luta, há um protagonista sem nome que é um homem muito solitário e leva uma vida extremamente rotineira e monótona. Há um nítido contraste entre o personagem principal (Jack) e Tyler Durden, onde o primeiro é a representação do lado da razão, ou seja, o lado Apolíneo, e o segundo do lado da emoção, lado Dionisíaco. Enquanto Tyler vive no limite e sem regras, Jack vive em um mundo de regras e consumismo, onde se acha que é possível comprar felicidade através de bens materiais. Em Trainspotting, a duplicidade é apresentada pelo personagem Mark Renton, uma personagem viciada em drogas, principalmente heroína, totalmente contra o capitalismo e seus princípios. Apesar de utilizar as drogas como meio de rebeldia contra a sociedade em que vive valoriza suas amizades além de qualquer bem material. Porém assim que tem chance rouba o dinheiro que ele e seus amigos haviam conseguido se mostrando mais materialista do que aparentava ser. Já em Dogville, a dualidade é vista em vários momentos. Um deles é a questão dos sete bonecos chineses que são apresentados no início do filme com a dúvida se aqueles bonequinhos são bonitos ou não. Esses bonequinhos pode-se perceber que representam cada habitante da cidade, pois as características humildes e “honestas” que eles tinham logo após a chegada de Grace à cidade, mudaram radicalmente para violentas e maldosas quando descobriram que a personagem ia ficar por ali mais algum tempo, começaram então a explorar a mais nova moradora em troca de proteção e abrigo. Grace é outro exemplo de dualidade no filme, pois no final do filme ela muda sua personalidade passiva e calma para violenta comprovando também que todos os homens possuem um cão dentro de si.