Comentário Crítico do Poema Outubro, 2008
O mês e ano, uma data – à primeira vista, o título do poema traz a indicação de algo no espaço, uma ocorrência, um fato, um acontecimento. É salutar perceber que essa temporalidade expressa no título não nos leva a um fato isolado e pontual, tal qual o ditado num boletim de ocorrência policial, mas traz a marca de um episódio pregresso e contínuo, em virtude do autor suprimir a grafia do dia, no mês que toma para compor o título. O título do poema, provavelmente, remete a um recorte temporal no qual o autor folheia periódicos e percebe, dentre as entrelinhas de notícias, artigos e propagandas, as aplicações das teorias e estudos marxistas, que permeiam todo o poema, com as quais parece simpatizar. Uma clara ideia dessa simpatia se dá quando traz à tona o famoso conceito de mais-valia – no qual o uso da força de trabalho, através do aumento da jornada de trabalho ou do ritmo de produção, com a manutenção dos salários pagos, para elevar os lucros obtidos pelos capitalistas, relacionando no texto o vai-e-vem desvairado nos corredores da mais volumosa bolsa de valores mundial.
“Leio os jornais e sinto o roçar da barba de Marx em nossa pele.”
“Ei-lo
a decompor as equações da mais-valia, enquanto fios de barba enroscam-se nos chips que medem a pulsação do sexo nos corredores de Wall Street.
Seja bem-vindo, velho Marx!” O sugestivo título do poema remete talvez à emergência da crise econômica mundial que eclodiu naquele ano a partir dos Estados Unidos e inundou, a partir de decisões equivocadas do Estado, de empresas e acionista que concederam crédito farto, especulação do capital imobiliário, emissão de títulos podres e endividamento da população.
As ideias socialistas marxistas servem de pano de fundo para trazer à tona temas que ainda estão presentes na sociedade atual, como o trabalho infantil que, bem diz o autor, se multiplica como furúnculos e trituram as crianças no seu direito de ter direito a um