Chegada no brasil

Ao chegar ao Brasil, Debret ainda estava impregnado de sua formação neoclássica,aqui foi mudando a sua arte tão logo começou a desenhar cenas do cotidiano da então capital imperial. Debret procurou demonstrar, com minuciosos detalhes e cuidados, a "formação" do Brasil, especialmente no sentido cultural do povo e nação. Debret dedicou ao negro a quase totalidade de suas pranchas. “É curioso comparar a maneira com que Debret pinta os negros e os brancos. O ponto de verdade dos dois” (Lima Barreto 1881-1922)

A simples observação das obras nos faz perceber o papel desempenhado pelos negros na sociedade da época. Este elemento representava a principal força de trabalho em qualquer tipo de atividade. O artista francês foi além do que se poderia enxergar nitidamente e buscou evidenciar em suas obras, no plano da invisibilidade, o modo de vida dos quase três milhões de africanos que por aqui chegaram. A escravidão dominou o Brasil, pois não havia uma oferta de trabalhadores e o trabalho assalariado nem era conveniente para os fins da colonização. O tráfico representava uma fonte potencial de acumulação de riqueza e era facilitado pelo contato com sociedades, que em sua maioria, já conheciam o valor do escravo. Os colonizadores tinham conhecimento da habilidade dos negros e a sua utilização na atividade açucareira nas ilhas do Atlântico. A escravidão era uma instituição nacional e os negros ajudaram na construção da identidade do Brasil enquanto nação, tanto que até os dias de hoje elementos da cultura africana fazem parte de nossa sociedade, tais como: capoeira, feijoada, vatapá e o candomblé são alguns exemplos.

Foi precisamente no registro do cotidiano brasileiro que Debret produziu os mais extraordinários resultados. Seus desenhos apresentam figurinhas, transpostas de um cenário para outro e pintadas diretamente das ruas, informam como se vestiam, como trabalhavam, como se divertiam, como eram enterrados os ricos e os pobres, os cidadãos livres e os escravos.