Charlie Hebdo e Badiou

1803 palavras 8 páginas
05/02/2015 · 12:58
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“Alain Badiou: A farsa do Charlie Hebdo”

Texto de Alain Badiou sobre o caso do Charlie Hebdo [via Marcelo Diniz]:
Para Alain Badiou, o respaldo do atentado ao semanário francês adquiriu ares de um teatro farsesco. Em artigo intitulado “O vermelho e o tricolor” [Le rouge et le tricolore], publicado no Le monde no final de janeiro de 2015, o filósofo francês situa o episódio no seio de um mundo completamente tomado pelo capitalismo global e “predatório”. Na batalha de identidades e contra-identidades nacionais, religiosas, ideológicas encenadas neste contexto, a França recorre ao “totem” de sua République démocratique et laïque – auto-imagem fundada, lembra Badiou, nos massacres da Comuna de Paris de 1871. São nos vasos comunicantes entre o falatório pós-atentado da liberdade de expressão e a política de militarização da vida social francesa que Badiou identifica a atual figura desse perverso “pacto republicano”, do qual não poupa nem o humor do que chama dos “ex-esquerdistas” do Charlie Hebdo. O atentado de janeiro, por outro lado, aparece decifrado como um crime essencialmente fascista – ao que Badiou insiste: contra o antisemitismo e a lógica identitária não é o tricolor francês que se deve erguer, e sim a bandeira vermelha. A tradução é de Danilo Chaves Nakamura, para o Blog da Boitempo. Confira:
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Hoje o mundo está totalmente tomado pela figura do capitalismo global, submisso ao governo da oligarquia internacional e subjugado à abstração financeira como única figura reconhecidamente universal.
Neste contexto desesperador montou-se uma espécie de peça histórica farsesca. Sobre a trama geral do “Ocidente”, pátria civilizada do capitalismo dominante, contra o “Islamismo”, símbolo do terrorismo sanguinário. Aparentemente teríamos, de um lado, os grupos de assassinos e indivíduos fortemente armados, acenando para garantir o perdão de Deus; e do outro, em nome dos direitos humanos e da democracia, selvagens

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