Cesário Verde

Introdução
Sejam bem-vindos à inauguração do museu de Cesário Verde.
O nosso museu é composto por 12 salas, que vos permitirá remontar à segunda metade do séc. XIX e conhecer melhor o grande poeta que foi Cesário.
Esta iniciativa emergiu devido ao facto de termos sentido que o nosso país não estava a dar o devido reconhecimento a este génio, que foi o precursor da moderna poesia portuguesa e, assim, pretendemos, de algum modo, contribuir para o enriquecimento cultural do nosso país.

Cesário Verde e o seu tempo
Vamos começar pela sala onde podemos encontrar O Portugal de Cesário Verde, ou seja, o Portugal da segunda metade do séc. XIX, era essencialmente rural. As cidades do Porto e Lisboa eram, portanto, exceções.
Essencialmente, com culturas de trigo, de arroz e de vinho, os proprietários de terrenos agrícolas não viam necessidade de introduzir as novas alfaias, já utilizadas no estrangeiro, uma vez que a mão-de-obra portuguesa parecia inesgotável e acessível. No entanto, o êxodo rural começa, por esta altura, a tornar-se uma realidade e o aumento populacional nas duas cidades mais importantes do País é visível, dando origem ao aparecimento do proletariado urbano.
No que diz respeito à indústria, ela servia o mercado interno e produzia bens de consumo simples (tecidos, rolhas, utensílios agrícolas…). Portugal, na época, apenas exportava cortiça, conservas de peixe, gado e fruta, mas tudo parecia decorrer bem.
Por volta de 1886, começa a surgir uma crise que evolui até 1891: as cidades cresciam desumanizadas e a falta de organismos protetores agravava a situação da população, que se acumulava, nem sempre nas melhores condições de higiene e saúde.
Era, igualmente, evidente o contraste entre ricos e pobres – no centro da cidade, “entre portas e vãos de escada, amontoavam-se cegos, estropiados, crianças abandonadas e velhos paralíticos porque, para muitos, os pobres faziam parte da ordem do Universo como se fossem objetos que Deus colocara no caminho dos