"Cem anos de Paz" de Polanyi
A Grande Transformação: as origens de nossa época, de Karl Polanyi
A obra “A Grande Transformação: as origens de nossa época” discorre acerca da revolução liberal ocorrida no século dezenove e suas consequências para os séculos seguintes, no qual
Karl Polanyi objetiva “traçar o mecanismo institucional da queda de uma civilização” através da análise da derrocada da economia de mercado e do liberalismo na Europa no século supracitado, examinando o surgimento e falência de suas principais instituições.
O capítulo primeiro – Cem Anos de Paz – trata do período de 1815 a 1914, época em que a civilização europeia estava sustentada em quatro instituições: o sistema de equilíbrio de poder, o padrão internacional do ouro, o mercado auto regulável e o estado liberal que, entre si, ordenariam as características históricas de nossa civilização.
Karl Polanyi identifica o mercado auto ajustável como um evento utópico, haja vista a impossibilidade de coexistência deste com a sociedade, ou seja, o mercado auto regulável implicaria a destruição da mesma. Segundo ele, seria disparato a tentativa de reduzir a civilização a um conjunto de instituições e posteriormente eleger uma única como fundamental e, ainda, começar a pensar a auto destruição da civilização.
Num exame inicial da obra, o autor trata do declínio do sistema internacional: quando se esvai a economia mundial que era tida como sustentáculo da sociedade, a paz não mais pode ser assegurada pelo equilíbrio de poder. Apesar de uma série de embates emergirem entre os anos de 1815 e 1914, a paz foi dominante: sob variados formatos e ideologias, este estado de calmaria foi sempre mantido, consequência de um equilíbrio de poder que tem por resultado o surgimento de um interesse real pela paz. Após o ano de 1815 percebe-se uma brusca e completa alteração nestas feições, uma vez que esse elemento atípico era tradicionalmente tido como exterior