Carta de Firmo, livro o Cortiço

Caro primo,

Meu querido primo José, desculpe em encomodar-te mas tenho um assunto urgente. Um assunto que tenho de confessar a você. Sabe minha amigada, Rita? Então trocou-me por um portuguesinho ridículo aqui do cortiço chamado Jerônimo. Um rapaz sem morais, sem respeito algum e futuramente sem os dentes e a vida! Não me aguentei de jeito nenhum meu primo na primeira oportunidade que tive dei uma navalhada no safado para ele aprender a não se meter com a mulher dos outros. Confeso-lhe talvez tenha matado o sujeito e tenha que viver com esse minimo peso na consciencia de ter matado um safado que nada de bom faria mais ao mundo, mas nunca senti um prazer tão grande, o filho da mãe que me tirou minha Rita não merece nada menos do que isso. Um tesouro eu perdi você sabe né primo, minha jóia da Bahia. Estou foragido no ultimo lugar que iriam atrás de mim no mundo, o cortço dos cabeças de Gato. Te conto tudo agora meu primo. O homem no começo quando primeiro chegou ao cortiço com sua esposa e sua pequena filha, que logo mandou embora desse lugar, confesso-lhe era admiravel, um português alto, forte muito bom em seu trabalho, de pedreiro. Chegou logo tomando seu lugar , acoradava todos os dias as 4 da manhã calçava suas sanadalhas e ia até a pedreira exercer sua função durante o dia todo, quando batiam os primeiros raios de sol na gigante pedreira já estavam seus pés apoiados nela, e lá ficava trabalhando até o escurecer, um trabalhador exemplar, um que realmente pagava os custos que causára. Chegou e conquistou o respeito de muitos moradores por aqui, era honesto, sincéro, sério e até-o digo primo era respeitàvel. No começo era muito quadradão, muito ‘europeu’ aos domingos vestia a melhor roupa e almoçava com a família, ia até a missa, seguia a moda de lá até mandou a filha para um internato chic desses. Foi então em um choro desses qualquer que me deparo com a maravilhosa imagem do safado encarando minha Rita, trocando de roupa dentro de casa, fiquei maluco