Carne e Osso

No documentário “Carne, Osso” de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barroso vemos a triste e real situação dos trabalhadores de frigoríficos, que exercem suas funções num ritmo de trabalho extremamente desgastante, chegando a ser desumano, com excesso da jornada de trabalho e um grande risco de saúde e até mesmo de vida. Segundo dados da Previdência Social apresentados no documentário, cerca de 750 mil funcionários executam um serviço três vezes maior do que seu limite, e muitas vezes sofrem graves lesões, principalmente nos punhos e, também, correm riscos de depressão e problemas psicológicos. Esse elevado índice deve-se ao manuseio de objetos cortantes, que podem perfurar e machucar gravemente. Conseguimos relacionar esse modelo de produção visto no vídeo com os modelos tayloristas, onde temos a ideia do “homem-boi”, um simples operário pago para fazer, não para saber. Sendo assim, o trabalhador se ocupa com apenas uma função mínima, e tem conhecimento apenas daquela parte, tendo total ignorância do todo. Observamos outras características tayloristas, como por exemplo, a eliminação dos movimentos desnecessários ou prejudiciais à produção, o controle do tempo e ritmo de trabalho e a punição ou “desligamento” dos funcionários mais lentos ou que não cumpriam suas tarefas de acordo com as regras estabelecidas. Se analisarmos pelo modelo fordista de trabalho, percebemos o uso da esteira, como elemento de controle e de fixação, possibilitando uma maior produtividade, tornando o trabalho fiscalizado e cronometrado. A esteira gera um grande problema para o trabalhador, que deve se habituar ao ritmo imposto nela, na maior parte do tempo, sendo bastante acelerado, e a velocidade com que devem executar suas tarefas nela chega a parecer impossível. Uma trabalhadora diz que se usasse a mão para espantar uma mosca no rosto, já perdia tempo na sua tarefa. Em um frigorífico de médio porte, a média é de 80 movimentos por minuto para a desossa de uma sobrecoxa de