bugio moqueado

1936 palavras 8 páginas
BUGIO MOQUEADO

— Uno!
Ugarte…
— Dos!
Adriano…
— Cinco…
Vilabona…
— …
Má colocação! Minha pule é a 32 e já de saída o azar me põe na frente Ugarte… Ugarte é furão. Na quiniela anterior foi quem me estragou o jogo. Querem ver que também me estraga nesta?
— Mucho, Adriano!
Qual Adriano, qual nada! Não escorou o saque, e lá está Ugarte com um ponto já feito. Entra Genúa agora? Ah, é outro ponto seguro para Ugarte. Mas quem sabe se com uma torcida…
— Mucho, Genúa!
Raio de azar! — Genúa “malou” no saque. Entra agora Melchior… Este Melchior às vezes faz o diabo. Bravos! Está agüentando… Isso, rijo! Uma cortadinha agora! Buena! Buena! Outra agora… Oh!… Deu na lata! Incrível…
Se o leitor desconhece o jogo da pelota em cancha pública — Frontão da Boa-Vista, por exem­plo, nada pescará desta gíria, que é na qual se entendem todos os aficionados que jogam em pules ou “torcem”.
Eu jogava, e portanto, falava e pensava assim. Mas como vi meu jogo perdido, desinteressei-me do que se passava na cancha e pus-me a ouvir a conversa de dois sujeitos velhuscos, sentados à minha esquerda.
“… coisa que você nem acredita, dizia um deles. Mas é verdade pura. Fui testemunha, vi! Vi a mártir, branca que nem morta, diante do horrendo prato…”
“Horrendo prato?” Aproximei-me dos velhos um pouco mais e pus-me de ouvidos, alerta.
— “Era longe a tal fazenda”, continuou o homem. “Mas lá em Mato-Grosso tudo é longe. Cinco léguas é “ali”, com a ponta do dedo. Este troco miúdo de quilômetros, que vocês usam por cá, em Mato-Grosso não tem curso. E cada estirão!…
“Mas fui ver o gado. Queria arredondar uma ponta para vender em Barretos, e quem me tinha os novilhos nas condições requeridas, de idade e preço, era esse Coronel Teotônio, do Tremedal.
“Encontrei-o na mangueira, assistindo à domação dum potro — zaino, ainda me lembro… E, palavra d’honra! não me recordo de ter esbarrado nunca tipo mais impressionante. Barbudo, olhinhos de cobra muito duros e vivos, testa entiotada de rugas,

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