Bernal Díaz

A maneira de contar a história sofreu uma revolução quando surgiu um novo método de se pesquisar, em que se aplica a metodologia das ciências sociais no estudo do passado. A partir de então, a história passou a ser observada do ponto de vista das pessoas comuns, contando os fatos não pela visão do "herói", a quem se atribui todo o mérito das conquistas; mas das pessoas ordinárias, do cozinheiro, do marinheiro, de pessoas que construiram a conquista, mas não são reconhecidas. Em "História verdadeira da conquisa da Nova Espanha", Bernal Díaz del Castilho mostrouse um precursor da História dos Annales, pois centra a sua descrição do cotidiano da conquista da
Nova Espanha do ponto de vista de um soldado, e não em fatos extraordinários, pelos quais Hernán
Cortez é reconhecido como o protagonista. A história tradicional atribui a ele todo o mérito sobre a conquista do “Império Asteca”, como se ele fosse imbatível e imortal, como se ele tivesse derrotado todo o exército asteca sozinho. Essa nova história tráz narrações sobre o que se passou por trás disso, tira o mérito todo de Cortéz e dá valor também aos marinheiros que o acompanhavam, aos tripulantes da frota de naus do grande conquistador.
A relação de Bernal Díaz del Castilho com os escritores que trabalharam com o relato da história da conquista da Nova Espanha antes dele é de conflito. Ele se sente na obrigação de exclarecer os erros de registro, porque ele sabe o que aconteceu; ele afirma categoricamente que a história não corresponde aos fatos, que a história escrita até então é uma mentira, que atriubiu a vitória a uns que não a merecem e retira o mérito de outros que realmente colaboraram para a conquista: "(...) e dizem que foram nas conquistas como capitães aqueles que ali não se encontravam" ( página 4).
O uso do foco narrativo em primeira pessoa é uma escolha muito adequada, visto que a visão de Bernal Díaz del Catilho tem a intenção de desmentir a história narrada sobre a conquista