Bergson e Halbwachs
Partindo das ideias de Bergson que pensa a “lembrança” como a sobrevivência do passado, percebi na obra de João Almino a reconstrução de suas lembranças sobre Brasília na “voz” da personagem narradora “Ana”. Quando Ana começa a mexer nos seus papéis as lembranças de Brasília pulam com muita intensidade, intervindo na percepção do narrador quando as imagens do passado se fundem com o presente. Bergson propõem que este presente contínuo pode ser sentido pelo corpo que reage e reflete ações no ambiente. Dentro desta primeira proposta de Bergson o autor/narrador se posiciona diante do presente, sentindo a mudança da pele, do corpo, do ambiente no corpo/ação Bergson também coloca uma outra noção a imagem cérebro/representação. Se a primeira fala do corpo reação, a segunda será perceptivo e seletivo, que para Bergson seria uma consciência inibidora. Na realidade a personagem principal lança mãos das suas reminiscências selecionando os fatos mais substanciais das lembranças das últimas décadas do século XX. Mesmo que processos diferentes leve a ação ou a percepção, o corpo no momento atual é o principal agente ou seja a personagem principal, nos seus 50 e poucos anos. As lembranças são constantemente atualizadas e se transformam em signos da consciência, com a ação/representação como elemento primordial do corpo−ambiente.
Mas como então introduzir o tempo se o corpo/ação presente estaria sendo o principal agente? É neste momento que Bergson lança mão das lembranças, que contrapõe a percepção atual, no caso de Ana, sua idade madura. Percepção e ação não se situam no mesmo patamar das lembranças, sendo esta oposição de elementos distintos, o perceber e o lembrar a principal especulação em matéria/memória.
Dentro desta noção, as percepções são de um autor criador na casa dos 50 anos, que percebe o mundo no presente e através de uma obra de arte literária refaz as suas lembranças. Lida com as sus próprias memórias, na subjetividade de um autor, que