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partir de fins dos anos 50, uma polêmica internacional se travou em torno do conceito de modo de produção asiático. Não somente procurou-se renovar a visão de determinadas

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sociedades - muitas delas não-asiáticas -, como também criticou-se a noção de que, em princípio, todas as sociedades devessem atravessar as mesmas etapas em seu desenvolvimento histórico. Este livro aborda essa polêmica, tomando-a como pano de fundo para a análise das sociedades do antigo Oriente Próximo, através de dois exemplos: Egito e Baixa Mesopotâmia. Ciro Flamarion S. Cardoso é professor da Universidade Federal Fluminense. Publicou, entre outros títulos, O Egito antigo, O trabalho compulsório na Antiguidade, A cidade-Estado antiga e O trabalho na América Latina

colonial (na Série Princípios).

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Palácios, templos e aldeias: o "modo de produção asiático"

A forma como abordaremos, neste livro, o estudo das sociedades do antigo Oriente Próximo - através dos exemplos egípcio e mesopotâmico - vincula-se diretamente à noção de modo de produção asiático. Começaremos, então, por uma exposição sumária: dos antecedentes do surgimento deste polêmico conceito; da sua elaboração na obra de Marx; e do seu complexo destino posterior. Em seguida, trataremos de expor a versão específica do mencionado conceito, que nos servirá de base para interrogar os exemplos escolhidos.

Antecedentes do conceito de "modo de produção asiático"
Do século XVI ao XVIII, os escritores europeus que, por alguma razão, se referiam ao Oriente à Ásia -, faziam-no no contexto do pensamento acerca do social como existia em sua época, isto é, manifestando interesse prioritário, ou mesmo exclusivo, pelos aspectos políticos. A idéia de que a política não passa de uma parte do todo

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social, do qual só aparentemente é o princípio condutor, não começou a se desenvolver antes do século XIX. Assim, na fase anterior, noções como o "despotismo oriental" apareciam como objetos perfeitamente

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