Atividade estruturada
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora acometa indivíduos vulneráveis em todas as classes sociais, é nos bairros pobres que ela se torna epidêmica. A prevalência varia de cidade para cidade, e de um país para outro. Como regra, a epidemia começa nos grandes centros e se dissemina pelo interior. A incidência nem sempre é crescente; a mudança de fatores ambientais pode interferir em sua escalada.Sabe-se que os genes herdados exercem influência fundamental na estrutura e função dos circuitos de neurônios envolvidos nos mecanismos bioquímicos da agressividade. É bom ressaltar, porém, que os fatores genéticos não condicionam o comportamento futuro: o impacto do meio ambiente é decisivo. Os mediadores químicos liberados e a própria arquitetura das conexões nervosas que constituem esses circuitos são dramaticamente modelados pelos acontecimentos sociais da infância.As estratégias que as sociedades adotam para combater a violência flutuam ao sabor das emoções; o conhecimento científico raramente é levado em consideração. Como reflexo, o tratamento da violência evoluiu muito pouco no decorrer do século XX, ao contrário do que ocorreu com as infecções, câncer ou AIDS.
Parte I – Raízes Orgânicas da Violência
Características físicas e índole criminosa
A explicação para o atraso no desenvolvimento de técnicas eficazes para tratar a violência está nos erros do passado. No século XVIII, um anatomista austríaco chamado Franz Gall desenvolveu uma teoria em torno da seguinte ideia: a maioria das características humanas, inclusive o comportamento antissocial, seria regulada por regiões específicas do cérebro. Cada comportamento estaria sob o comando de um centro cerebral específico. Quanto mais robusto fosse o centro mais intensa seria a expressão do comportamento controlado por ele. Essa teoria ganhou o nome de frenologia.
Franz Gall imaginava que, ao crescer, os centros cerebrais exerciam pressão contra os