As muitas faces do futebol
O futebol brasileiro é caracterizado por seus "pensadores", acadêmicos ou não, como sendo portador de uma identidade própria que o singularizaria perante outras nações. Portanto, seria uma característica inerente aos brasileiros "jogar bola" de uma determinada maneira, a qual constituiria uma marca cultural carregada por nós desde o nascimento. Essa auto-representação que nos impusemos criou uma forma particular de praticar tal esporte, pensá-lo e vivenciá-lo em nosso cotidiano. É a esse futebol, construído basicamente nos anos que vão de 1930 a 1974, que designamos "futebol-arte". Os brasileiros ao nascerem recebem duas denominações que os acompanharão por toda a vida: um nome e um time para torcer. A predileção por um time de futebol é quase que herdada. Aqueles filhos que renegam essa herança são vistos como traidores e causam grandes decepções e frustrações aos seus progenitores. A paixão clubística pelo futebol é herdada e passa a ser vivida já a partir dos primeiros anos de vida. Ela é verificada pelo uso de uniformes dos times, principalmente as camisas. A criança, com sua natural ingenuidade, aprende dentre as primeiras palavras o nome do seu time. O principal motivo para um indivíduo sentir-se atraído pelo futebol é, segundo estudiosos do esporte, o grande prazer que essa atividade proporciona ao seu público. As dimensões do campo, o número de jogadores, o tamanho do gol e o equilíbrio na disputa entre as equipes provocam nos espectadores uma tremenda excitação, porque há um longo período de expectativa entre a saída da bola e a chegada da mesma nas zonas de maior probabilidade de gol. Os passes e os dribles provocam no público certa tensão, que será elevada dependendo do equilíbrio estabelecido entre as equipes rivais, pois jogos muito fáceis não são tão excitantes. A paixão pelo futebol começa a tomar uma dimensão preocupante e a