AS MOEDAS DE EMERGENCIA BRASILEIRAS

AS MOEDAS DE EMERGÊNCIA BRASILEIRAS

INTRODUCÃO

A tese de serem os florins cunhados pelos holandeses no Brasil uma emissão privada, equivalendo a fichas, e não a moeda de uma nação, é provocativa e merecedora de análise, ainda que frágil e carente de perspectiva histórica. Essa tese se apoia basicamente sobre o fato de a GWC ser uma companhia privada, ocupante temporária de uma região fora de suas origens, para mera exploração comercial, agravado pela caracterização da cunhagem das moedas apenas para circulação local, por razões de cerco militar, daí serem chamadas obsidiais.
Os comentários que se seguem a cerca dessas premissas tem a pretensão de complementar aqueles já expostos por Maldonado em sua excelente série de três artigos “Obsidiais- Emissões Privadas ou Oficiais”, agora com maior ênfase nos condicionantes históricos que viriam a configurar:
a) A origem e as características da GWC via a vis os “Estados Gerais das Províncias Unidas ”
b) A natureza da ocupação holandesa
c) Os precedentes de outras emissões de moedas em territórios ocupados, e
d) O ambiente no Brasil à época da cunhagem.

A GWC E OS ESTADOS GERAIS DAS PROVÍNCIAS UNIDAS

Não temos dúvidas de que se uma eventual administração local da Coroa Britânica ou Francesa tivesse mandado cunhar moedas no Brasil ou para o Brasil ,com os brasões reais ,essas moedas não estariam sendo aventadas como de emissão particular. Antes de tudo, o que os defensores da tese contrária à inclusão dos florins na coletânea brasileira desprezam é a natureza peculiar da GWC e dos próprios Estados Gerais das Províncias Unidas.
A GWC, embora constituída em 1621 sob a forma de Companhia, inclusive com suas ações cotadas em mercado, não pode ser confundida com nossas atuais empresas, estatais ou não, ou mesmo com algumas companhias criadas nos próprios países baixos ( como a Compagnie van Verre em 1594 ), que disputavam entre si o comércio com o Oriente e que, em razão de sua concorrência predatória, deram origem em