As Cidades Braudel Resenha

Resenha de Marcelo Introini
‘As Cidades’
Capítulo 8 de ‘Civilização Material, Economia e Capitalismo, séculos XV – XVIII’ – Fernand Braudel.

Fernand Braudel ressalta, em seu capítulo dedicado à importância do crescimento das cidades entre os séculos XV e XVIII, o papel central ocupado por estes centros urbanos no florescimento de uma economia capitalista, em que o aprofundamento da divisão social do trabalho e das trocas de mercadorias e serviços encontra um caminho de cada vez maior intensidade ao longo da história.
A cidade permite a consolidação de um espaço que reúne uma densa aglomeração de pessoas e um constante fluxo frenético de trocas que, às custas da especialização guiada pela divisão social do trabalho, coloca à prova toda sorte de profissionais, consagrando ou empurrando às margens da sociedade aqueles que apostam na realização de suas produções no mercado, isto é, que colocam à venda o fruto de seus trabalhos. A cidade generaliza o mercado – não há quem possa sobreviver sem passar por ele.
Ao seu entorno, segundo as palavras do autor, a cidade estabelece com o campo uma relação de ‘reciprocidade das perspectivas’. Comete equívoco aquele que afirma que o urbano foi precedido pelo rural. Obedecem, na realidade, uma regra da coexistência, explorando e complementando um ao outro, dominando e criando um ao outro. É verdade, no entanto, que não há cidade que não imponha seu modo de vida à porção de terra que a cerca – as comodidades do mercado, a utilidade de suas lojas, dos seus pesos e medidas, dos seus juristas, das suas opções de lazer. Todos estes são elementos que provocam deslocamentos do camponês à cidade e, inclusive, orientam a produção no campo. A relação com outras cidades, menores, é semelhante. O grande centro urbano coloca a seu serviço uma auréola de cidades secundárias, que lhe servem quando desempenham parte das atividades menos valiosas, como tecelagem, coloração de panos, organização de transportes ou quando consistem em, por exemplo,