Artes e entretenimento
Destacou a publicação de nossos primeiros romances pelos folhetins nos grandes jornais da época e a formação de um público leitor ansioso por uma narrativa envolvente, composta de personagens reconhecíveis e um cenário cotidiano. Desenvolveu-se assim no final do século XIX, no Brasil, a literatura como entretenimento e profissão, afinal muitos escritores viviam de seu próprio trabalho que era acompanhado com interesse por inúmeros leitores assíduos dos jornais, sobretudo as mulheres. A narrativa fluente que facilmente se ajustava ao gosto do leitor comum era a forma naturalmente imposta por aquele tipo de publicação, o que levou muitos autores a se aperfeiçoarem em um estilo repleto de peripécias e de enredos adequados ao espaço diário ocupado nos jornais por este tipo de publicação.
O Modernismo, por sua vez, rompeu com essa estrutura de obra digerível por todos, ao lançar-se em experimentos temáticos e de recriação da linguagem abrindo caminhos para diversas linhas evolutivas trilhadas pela literatura brasileira no decorrer do século XX. Para Flávio, a literatura produzida hoje teria, portanto, um vínculo evidente com aquela produzida no final do século XIX, na medida em que hoje o entretenimento tornou-se um dos aspectos da vida atual determinantes da sensibilidade do leitor, o que não implica necessariamente em qualidade inferior ou literatura “menor”.
A distinção muitas vezes discutível e até mesmo preconceituosa para muitos, entre literatura de entretenimento, portanto de baixa qualidade, e literatura canônica, portanto de alta qualidade, pode levar a uma compreensão