Arquiteta e Urbanista

A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa” – Nicolau Sevcenko
SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. (col. Virando século)

A experiência vivida em uma montanha-russa pode ser dividida em três partes: a primeira é a da ascensão lenta e cheia de expectativas. A subida proporciona a visão da cidade, gerando euforia, orgulho, felicidade e sensação de poder. A segunda fase é a fase da queda, onde qualquer sensação é tomada pela pura vertigem, misturada ao torpor e, geralmente, do pânico. Essa fase é seguida por um tranco, que pode dar a ilusão de volta a realidade. Porém, a terceira fase traz novos mergulhos, com oscilações bruscas e novas subidas, com trancos e curvas aterrorizantes que culminam no loop.
Essas três fases são utilizadas por Sevcenko para explicar as principais tendências do nosso tempo. A primeira fase – da subida – é representativa do período entre o século XVI e o XIX, na qual as elites europeias viveram um forte momento de desenvolvimento tecnológico. O domínio de forças naturais, fontes de energia, criação de novos meios de transporte e comunicação, armamentos, representou a “ordem e progresso”, garantindo um futuro de abundância, racionalidade e harmonia. A fase seguinte, da queda vertiginosa representa a chamada Revolução Científico-Tecnológica, em meados de 1870. Esse foi um momento de grandes mudanças, através da aplicação da eletricidade, o uso de derivados de petróleo, surgimento das indústrias químicas, novos meios de transporte e de comunicação, que poderia ser o ápice das conquistas europeias. A Grande Guerra foi a queda que trouxe o caos e a destruição, apresentando um cenário totalmente desconhecido e inesperado, que só foi superado pela Segunda Guerra Mundial e seus bombardeios aéreos e a bomba atômica. A fase do loop representa o momento atual, da Revolução da Microeletrônica, onde o clímax da emoção provoca um entorpecimento e resignação,