Aquisição de linguagem

Existe um Período Crítico para a Aquisição da Linguagem?

Em 1970, uma garota de 13 anos e 6 meses chamada Genie (que não é seu verdadeiro nome) foi descoberta em um bairro de Los Angeles (CURTISS, 1977; FROMKIN et al., 1974; PINES, 1981; RYMER, 1993). Vítima de um pai abusivo, ela ficara confinada por quase 12 anos em um pequeno aposento na casa dos pais, amarrada ama cadeira-penico e isolada do contato humano normal. Pesando apenas 27 kg, Genie não era capaz de esticar os braços e as pernas, não sabia mastigar, não tinha controle da bexiga e do intestino e não falava. Ela só reconhecia seu próprio nome e a palavra SORRY (desculpe).
Apenas três anos antes, Eric Lenneberg (1967,1969) tinha proposto que existe um período crítico para a aquisição da linguagem, que se inicia na primeira infância e termina em torno da puberdade. Lenneberg disse que seria difícil, se não impossível, para uma criança que ainda não adquirira a capacidade de falar fazê-lo após aquela idade. Mas Lenneberg só podia oferecer evidências indiretas para sua hipótese. Ele assinalava que crianças surdas que tinham ouvido a fala cedo na vida tinham mais facilidade para aprender a falar do que outras que não conheceram a fala. Ele notou que tanto crianças surdas quanto deficientes mentais param de adquirir habilidades de linguagem na puberdade. Além disso, uma criança que sofre de dano cerebral antes dos primeiros anos da adolescência pode recuperar a capacidade linguística se outras partes do cérebro permanecem intactas, ao passo que, se o dano ocorrer durante a adolescência ou na idade adulta, a perda de linguagem tenderá a ser irreversível.
A descoberta de Genie ofereceu a oportunidade para testar a hipótese de Lenneberg. Genie era capaz de aprender a falar, ou era tarde demais? O Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM) financiou o estudo, e uma série de pesquisadores assumiram os cuidados de Genie, que foi submetida a testagem e treinamento linguísticos intensivos.
O progresso de Genie