Analize literaria do poema retrato de cecilia meirles

460 palavras 2 páginas
RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:
— em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles

Certamente você compreendeu o tema desse texto: o eu lírico faz um retrato de si próprio, constatando as mudanças, as transformações psicológicas e físicas pelas quais foi passando ao longo da vida.
Esse poema se estrutura numa comparação entre como a pessoa era no passado e como ela é no presente. Para isso, o eu-poético utiliza-se de alguns termos para caracterizar as partes do corpo desse eu que está sendo desenhado ao leitor, como:

Rosto: calmo, triste e magro
Mãos: paradas, frias e mortas
Olhos: vazios
Lábio: amargo
Mudança: simples, certa e fácil.

As palavras em destaque (calmo, triste, magro, vazios, amargo, paradas, frias, mortas, simples, certa e fácil) são nomeadas por adjetivos e servem para expressar características, qualidades (ou defeitos) e estados dos seres. Cecília Meireles tem como temas mais constantes em suas obras: a precariedade da existência humana e da vida, a fugacidade dos bens materiais e do tempo, a falta de sentido da vida, a solidão a que o indivíduo está condenado, a vida como sonho, a distância, a perda, a falta. Seu tom melancólico é sereno, jamais toca o desespero. Sua poesia parece ansiar por atingir um mundo atemporal e imaterial, em que a relatividade não existe e tudo é absoluto; daí o desprezo pela matéria como algo que impede a perfeição e a ascese espiritual, ou seja, a plenitude da alma. E, são alguns desses temas que encontramos no poema “Retrato”, o qual o eu-poemático faz um retrato de si mesmo, mostrando o antes e o depois do passar do tempo. Assim, ele mostra a fugacidade do tempo e da vida, e como menciona é uma

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