Analise do Filme Apaixonado Thomas

Agorafobia: antônimo de claustrofobia, medo mórbido e angustiante de lugares públicos ou grandes espaços abertos. Thomas sofre desse mal e, por isso, vive trancado há oito anos em seu apartamento, sem contato físico com ninguém. Em Apaixonado Thomas, o diretor Pierre-Paul Render experimenta um formato curioso e o realça com cores vibrantes e músicas eletrônicas, ferramentas que dão ao filme um aspecto moderno e espirituoso.
Seguindo um pouco a linha do canadense Denise está Chamando, de Hal Salwen, a fita esconde o protagonista atrás da voz, e, nos primeiros minutos, remete o espectador à sensação de que ele vai aparecer a qualquer minuto. Essa tensão, embora sempre presente e que ressurge com maior intensidade no final da projeção, vai se dissolvendo à medida que o filme avança e, a uma dada altura, percebe-se ao que o espectador está fadado: enxergar o mundo através dos olhos de Thomas. Certa decepção, mas que aguça a curiosidade de saber que semblante possui um indivíduo que conseguiu se manter trancado em casa por tanto tempo.
Thomas tem 32 anos e, junto com o espectador, enxerga o mundo pela tela do computador, graças à uma internet totalmente estruturada e capaz de alcançar todas as áreas relacionadas à prestação de serviços. Navegando pela rede, o protagonista realiza suas sessões de terapia, compra eletrodomésticos e faz até sexo virtual, por meio de programas e trajes específicos.
Acostumado a essa vida, Thomas é pego de surpresa pela iniciativa de seu psiquiatra de inscrevê-lo num clube de namoro pela internet. Como se não bastasse, sua companhia de seguros ainda lhe oferece um serviço de prostitutas, treinadas especialmente para atender pessoas mentalmente perturbadas. Assim, começam a aparecer mulheres reais na vida de Thomas e a sua anti-sociabilidade começa a se tornar um problema maior.
Uma das peculiaridades da fita é que todos os personagens carregam no rosto uma espécie de maquiagem, algo como um símbolo pessoal, que não tiram nem mesmo nos