amperes
As entidades científicas das nações europeias tinham uma preocupação constante: eleger como membros honorários ou mesmo presidentes, igualmente honorários, seus respectivos reis e imperadores. A Academia Francesa de Ciências não escapou à regra, e foi assim que Napoleão Bonaparte passou a fazer parte da grande instituição. Por uma série de motivos, entre os quais a pouca disposição do imperador em assistir a longos debates científicos, sua assiduidade às sessões da Academia não poderia ser das maiores. Na verdade, consta que ele só compareceu ali uma vez, para agradecer a honra da eleição.
Nesse dia, um dos acadêmicos expunha a seus confrades algumas conclusões a que chegara em suas experiências. Julgando inoportuna a presença de um estranho no recinto da assembleia, solicitou sua expulsão sumária. O "intruso", porém, não se sentiu ofendido diante da distração do cientista, e convidou-o para almoçar em sua companhia. O acadêmico agradeceu a Napoleão a honra inusitada e prometeu que estaria nas Tulherias no dia seguinte, à hora marcada. Ao imperador, porém, estava reservada uma segunda surpresa: o cientista, fazendo jus à sua fama de distraído, deixou-o esperando em vão, a mesa posta. O autor da desfeita, imperdoável para o comum dos mortais, foi André Marie Ampère, que, graças a seus estudos sobre o eletromagnetismo, abriu unia nova trilha para o conhecimento da eletricidade.
(Casa onde Ampère nasceu)
Ampère nasceu em 1775, em Polemieux-Le-Mont-d'Or, uma herdade próxima a Lyon. Seu pai, abastado comerciante nessa cidade, tinha em mira proporcionar-lhe uma educação tão completa quanto possível, inclusive uma sólida formação religiosa. Como não queria que o filho adquirisse, ao lado dos ensinamentos religiosos, uma carga adicional de preconceitos, resolveu supervisionar ele próprio essa educação, confiando na ajuda de uma vasta biblioteca, que Ampère, aos onze