Amor Líquido

Na obra Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, o autor Zygmunt Bauman retoma o cotidiano do homem “pós moderno” como temática, a fim de evidenciar a fragilidade dos vínculos que este estabelece para com seus semelhantes na mais ampla extensão de suas relações. Sob divisão de quatro capítulos (Apaixonar-se e desapaixonar-se; Dentro e fora da caixa de ferramentas da sociedade; Sobre a dificuldade de amar o próximo; Convívio destruído), Bauman considera o homem contemporâneo como um indivíduo sem vínculos, fruto de uma sociedade que se liquefez com o passar do tempo. Os sentimentos e costumes ganharam novas conotações, impregnadas por interesses, incertezas, inseguranças e competições. Por Bauman, o amor foi comparado a um ato meramente consumista: o passeio a um shopping center, evidenciando a instantaneidade, impulsividade, e descartabilidade ao qual ele se tornou. Sua definição romântica foi perdida e passou a ser vista como antiquada, assumindo um caráter flexível. Criou-se na sociedade um modelo instável de compromisso, no qual qualquer dificuldade encontrada numa relação, seja digna de “devolução”, abandono, troca por uma “mercadoria” melhor. Quantidade tornou-se um fator mais conveniente e plausível de adesão que qualidade.
Os avanços tecnológicos facilitaram a comunicação entre os homens, mas simultaneamente os distanciou fisicamente. O homem passou a se esconder atrás de telas, um escudo que o acompanha aonde quer que esteja. Assim, as conversas muitas das vezes se restringem a redes sociais, emails e mensagens de texto, criando um perfil de relacionamento que pode se iniciar e terminar em curto prazo, com facilidade. O principal atrativo desse modelo está relacionado ao não apego, que numa dissociação não acarretará ou se manifestará com menores intensidades o sofrimento e a sensação da solidão, oferecendo mais segurança aos indivíduos envolvidos.
Diante das diferenças (sociais, culturais e econômicas) nitidamente evidenciadas na