Amizade em epicuro
A amizade é menos uma relação de troca do que de possibilidade de troca. A troca consola-me, e a possibilidade de troca mantém viva em mim a esperança de que posso ser consolado. Essa esperança é necessária para impedir que nossa existência transforme-se em uma pilha de destroços. Epicuro contra os céticos.
E ainda: a verdadeira amizade como equilíbrio. Em um extremo, quem ajuda constantemente quer comprar o afeto do amigo (muitas vezes, essa “ajuda” é manifestada através de inúmeros presentes). Quem nunca ajuda, é o cético da condição humana, o que retira ou “rouba, para todo o futuro, a esperança consoladora”.
Na condição de equilíbrio: o amigo como o mais importante contribuinte para a sabedoria acerca da vida feliz. Logo, os que têm a capacidade de ser e fazer amigos são os que têm as melhores possibilidades para uma vida feliz (Sentenças Capitais, 27) e segura (Sentenças Capitais, 28, 40).
Diferença entre amigo e confidente: o amigo ajuda ativamente, o confidente é inativo, pois apenas compartilha lamentações.
Epicuro, Sentenças Capitais nº 27, 28 e 40:
27. "Entre todas as coisas que a sabedoria prepara para a felicidade de toda vida, o bem maior é a amizade".
28. "O mesmo bom julgamento que nos dá a confiança de que não existe nada terrível eterno ou muito duradouro também nos faz ver que nos mesmos termos limitados da vida a segurança consegue sua perfeição sobretudo da amizade".
40. "Aqueles que tiveram a capacidade de alcançar a máxima segurança junto a seus próximos conseguiram por isso viver em comunidade de modo mais prazeroso, tendo a mais firme confiança e ainda alcançando a mais plena familiaridade, não choram a partida prematura daquele que morreu como [se fosse] algo digno de lamentação".