Ai ai ai
A autora mencionada a questão da impossibilidade de haver identidade entre o sentido das coisas e a sua utilidade prática, devido a possibilidade de mutação do sentido, mas com a permanência do objeto inicial ou da finalidade. Relaciona-se essa passagem do texto com o Estado, pois ainda que decadente e corrompido, continua a existir e a possuir seus objetivos, embora seu sentido tenha sido modificado como se pode observar no filme. O que pode sem dúvidas afetar a segurança jurídica e dar inicio a uma desconfirmação geral, em que cada ente criara seu direito, suas próprias regras – Mílicias por exemplo, como retrata o filme.
No filme os políticos corruptos não se submetem as leis que eles próprios criaram, o que revela uma falsa aceitação das leis do Estado como justas. Essa rejeição velada por parte dos políticos deve-se ,talvez, ao fato deles incorporarem o Estado no exercício de suas funções, então sendo corruptos, escancaradamente, estariam desconfirmando, de certa forma, a si mesmos.
No entanto, partindo do texto poderíamos dizer que o fato da corrupção, das milícias e da “auto-tutela” dentro dos presídios , não é culpa dos endereçados da norma estatal, mas do próprio Estado que por não criar normas justas se auto-aniquila, ou seja se auto-desconfirma, pois para que o poder estatal possa se manter é necessário que ele não limite totalmente o agir do sujeito - é necessário que haja um espaço para a desobediência “.
Nota-se que quando a autoridade esta perdendo o poder ela jamais irá reconhecer esta situação de desconfirmação e uma de suas primeiras medidas a fim de re-estabelecer a normalidade é