Agostinho

3.2 Pax omnium rerum, tranquillitas ordinis
(A paz de todas as coisas é a tranquilidade da ordem)
Passemos a examinar, considerando as reflexões precedentes, a compreensão agostiniana da paz:
A paz do corpo é a composição ordenada das suas partes; a paz da alma irracional é a tranquilidade ordenada dos seus apetites; a paz da alma racional é o consenso ordenado da cognição e da acção; a paz do corpo e da alma é a vida e a saúde ordenadas do ser animado. A paz do homem mortal com Deus é a obediência ordenada na fé sob a lei eterna; a paz dos homens é a concórdia ordenada; a paz da casa é a ordenada concórdia dos seus habitantes no mando e na obediência; a paz da cidade é a concórdia ordenada dos cidadãos no mando e na obediência. A paz da cidade celeste é comunidade absolutamente ordenada e absolutamente harmoniosa no gozo de Deus e no gozo mútuo em Deus. A paz de todas as coisas, a tranquilidade da ordem.
Examinemos a paz em cada um dos casos nomeados pelo hiponense:
a) A paz do corpo pode ser observada em qualquer ente, mesmo nas coisas inanimadas. A harmonia entre suas partes é um bem, porque o existir é um bem. Se é possível que exista uma natureza privada de mal, entretanto, é impossível que exista uma sem algum bem, pois o simples existir já é um bem.
b) A paz da alma irracional consiste no repouso de seus movimentos sensitivos.
c) A paz da alma racional resulta da harmonia entre intelecto e vontade, revelando-se no agir.
d) A paz do corpo e da alma é manifesta pela vida ordenada da alma e pela saúde do corpo.
e) A paz entre o homem e Deus acontece através da vida na fé e sob a lei divina.
f) A paz dos homens entre si é a vida ordenada nesse mundo.
g) A paz no lar é consequência de harmonia entre o mandar e o obedecer.
h) A paz da cidade é a ordenada concórdia entre governantes e governados. A paz não pode ser definida como a simples ausência de tumultos, ou pelo silencio originado do medo imposto pelo tirano. A paz da concórdia, enquanto