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1496 palavras 6 páginas
O livro pode parecer, para o leitor desavisado, apenas um conjunto de estudos sobre autores — o que já seria bastante e, sem dúvida, de grande interesse e importância. Mas o texto é mais do que isso colocando e enfrentando problemas que centralizam a reflexão das Ciências Sociais.

Uma parte dessas questões encontra–se expressa e sistematizada no primeiro ensaio, outras são desenvolvidas nos estudos sobre autores, algumas ainda atravessam o trabalho como um todo. Sem pretender esgotar o assunto, que ganha excelente formulação no livro de Renato Ortiz, aponto algumas que me parecem fundamentais para uma revisita ao métier de sociólogo e que podem se configurar como críticas a alguns caminhos trilhados pelas políticas educacional e de pesquisa no país.

A indagação sobre o que é o trabalho intelectual aciona a reflexão. A operacionalização se dá a partir da pergunta — como se processa o trabalho intelectual? — para só depois discutir o que é esse trabalho e qual seu sentido. Assim, reconstruindo o processo, mostra que se trata de um fazer, procedimento que carrega consigo uma qualidade artesanal. Dessa característica resulta, de um lado, tratar–se de um artefato construído pedaço por pedaço, e de outro, ser uma construção referida à totalidade. Em se tratando das Ciências Sociais, cada pesquisa coloca questões diferentes ou, tratando–se da mesma problemática, de visões a partir de um outro ângulo. Por esse motivo, faz–se necessário refazer todos os passos da prática sociológica: investigação bibliográfica, pesquisa empírica, busca de fontes primárias, leituras diversas, anotações, seleção de material, elaboração de conceitos, escritura. Trata–se, pois, de um trabalho árduo e disso resulta a necessidade de um método para ancorar a reflexão. O autor aponta essa importância mostrando a centralidade da metodologia na análise dos diferentes autores enfocados.

A partir dessas considerações define o trabalho intelectual pelo que é e pelo que não é. Assim, é um

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