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1943 palavras 8 páginas
O mundo dos negócios está perplexo. Ainda está fresca na memória a lembrança de uma Parmalat poderosa, sinônimo de leite longa vida, dona de uma marca reconhecida em cada esquina do Brasil, vitoriosa nos patrocínios esportivos e por vezes imbatível na publicidade – quem não se recorda dos mamíferos e do bordão “tomou?”. Aquela Parmalat não existe mais. “A sobrevivência da empresa é questão de dias. Estamos falando de dias, não de semanas”, afirmou um irritado Ricardo Gonçalves, presidente da Parmalat do Brasil, na quinta-feira 5, após sair de uma audiência na Câmara dos Deputados em Brasília. A empresa está em concordata e enfrenta cinco pedidos de falência na Justiça. Não consegue honrar compromissos financeiros com fornecedores, bancos e produtores de leite. Acumula dívidas estimadas em US$ 1,8 bilhão. Na semana passada, sem matéria-prima e crédito, as oito unidades da Parmalat no Brasil começaram a paralisar suas atividades. A ociosidade chegava a 80%. Seus dirigentes e suas contas estão sendo investigados pela Polícia Federal, ávida por descobrir conexões entre a fraude contábil na Itália (de mais de 10 bilhões de euros) e as operações da filial. Até o superministro José Dirceu entrou na arena prometendo cadeia para os responsáveis. A Parmalat agoniza. Sem o respaldo financeiro da matriz e com as portas fechadas nos bancos, a única saída é fazer tentar passar uma medida provisória, em discussão no Planalto, que altera a Lei de Falências, dando aos credores garantias firmes no caso de novos empréstimos à Parmalat. Mas em Brasília, poucos acreditam no sucesso da MP. Na última semana de janeiro o próprio Gonçalves já havia prenunciado o caos: “Sem crédito a empresa não entra em fevereiro”. E fevereiro chegou.
“Há um forte estrangulamento da Parmalat”, disse à DINHEIRO na quinta-feira 5 o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Está em pleno andamento uma grande operação para sangrar e esquartejar o que resta da Parmalat no Brasil. Os bancos estão jogando duro

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