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Gênero e desigualdade salarial*
Raquel Vieira Sebastiani**

N

as últimas décadas, a inserção das mulheres no mercado de trabalho brasileiro ampliou-se de forma significativa. No início dos anos 80, as mulheres representavam 31,3% da População Economicamente Ativa brasileira, passando para 41,4% em 1999 (DIEESE, 2001). Essa ampliação, no entanto, não representou a supressão das desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Ao contrário, o salário médio feminino continua sendo notavelmente inferior ao masculino, apesar de escolaridade média das mulheres ser maior. Segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de
Porto Alegre (PED-RMPA), o salário médio das mulheres, em 2001, foi de R$ 625,00 e o dos homens, de R$
775,00, sendo que 46,4% das mulheres ocupadas possuíam pelo menos ensino médio completo e apenas
38,5% dos homens haviam alcançado o mesmo nível de escolaridade.
Diversas pesquisas vêm constatando que a desigualdade nos ganhos do trabalho auferidos por homens e mulheres não pode ser explicada por variáveis associadas a características produtivas, como setor ou atividade econômica de inserção, nível de escolaridade, número de horas trabalhadas, tipo de ocupação e vínculo empregatício, dentre outras. A persistência de menores rendimentos para as mulheres, como mostram esses estudos, indica a existência de discriminação em função do gênero no mercado de trabalho (Bruschini,
2000; Bruschini; Lombardi, 2001/2002; Ikeda, 2000).
Diante desse quadro geral, entretanto, análises dedicadas ao perfil evolutivo da renda do trabalho demonstram que, apesar de continuar existindo a desigualdade entre os rendimentos masculinos e femininos, esta diminuiu na década de 90. Segundo Bruschini e Lombardi (2001/02), um dos fatores que explicaria essa redução seria o “(...) ingresso maciço das mulheres em ocupações mais qualificadas e mais bem remuneradas em relação ao mercado de trabalho como um todo” (Bruschini e Lombardi, 2001/02,

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