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Para os antigos filósofos, tal como Platão, a justiça e a virtude centralizavam todo o problema moral. O termo virtude tem, em grego, um significado bem mais rico e bem diferente do que tem para nós hoje. Designa o que faz a excelência, a perfeição de um ser, em qualquer ser considerado e em qualquer domínio de atividade. É, para cada um, o poder de realizar aquilo que ele em conformidade com uma ordem, entendendo-se que ordem, para os antigos, era sinônimo de “valor”. É, portanto, a prática ordenada de seu próprio bem, de onde resulta harmonia e felicidade. Porém, como definir a excelência de um ser, e posto que se trata do homem, o que é a excelência humana? Se não houvesse qualquer ambigüidade nesse assunto, Sócrates não teria se preocupado em questionar com tanta freqüência o problema da essência da virtude, e sofistica não se distinguiria da filosofia.A educação moral, essa é, realmente, a tarefa tanto do sofista como do filósofo, um e outro reivindicando para si os mesmos valores. Eles celebram a sabedoria, a justiça, a temperança e a coragem, mas o que esses termos recobrem? Trata-se de partes de uma única virtude, da mesma forma como os olhos, as orelhas e o nariz são partes do rosto? Ou trata-se de nomes diferentes de uma mesma e única virtude?

Nos tempos da criação, os deuses confiaram a Epimeteu e a Prometeu o cuidado de dotar cada espécie das qualidades necessárias à existência. Epimeteu abasteceu tão generosamente os animais e os vegetais que, quando chegou a vez da espécie humana, nada mais restava. Prometeu decidiu então compensar a imprevidência do irmão e furtou de Hefesto e Atena o fogo. “Eis, portanto, como o homem conquistou a inteligência que se aplica às necessidades da vida” (Protágoras, 321d). Entretanto, se a habilidade técnica substitui com facilidade o instinto em tudo o que se refere à satisfação das necessidades e, em geral, à adaptação, ela não basta para permitir que os homens se entendam e administrem as cidades. A discórdia

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