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A LIBERDADE DE TRABAHO

A sociedade que se construiu no século XIX fundou-se sobre os princí- pios ideológicos estabelecidos pela economia política no século XVIII: a crença de que as relações sociais deveriam organizar-se para dar expressão ao impulso “natural” do homem de buscar livre e individualmente seus inte- resses materiais
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. O modelo desta sociedade é o comércio, o mercado: o lugar onde os indivíduos operam segundo uma racionalidade definida pela maximização dos ganhos. O impulso da troca e da barganha, que constitui- ria parte central da natureza humana, estaria na origem da própria sociedade e a definiria. A economia política – sua fundamentação ideológica – conso- lidava assim a idéia de uma sociedade governada pela busca individual dos interesses materiais e apontava para a construção de uma ordem social que legitimasse e desse vazão completa a essa “natureza” fundamental do ho- mem. A “sociedade de mercado”, que nasce como a utopia construída pela economia politica

Antes da revolução industrial, o trabalho regulado e o trabalho força-do eram as duas modalidades principais de organização do trabalho
8Asregulamentações das profissões no Antigo Regime, especialmente nas cida- des, impediam a “existência de um mercado em que as mercadorias circula[ssem] livremente: nem concorrência, nem liberdade de aumentar a produção. Mas também imped[iam] a existência de um mercado de traba- lho: nem liberdade de contratação, nem liberdade de circulação de trabalha- dores” 9
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O objetivo do livro de Robert Castel é, à primeira vista, através de um resgate histórico, fazer uma análise da situação dos trabalhadores da Idade Média aos dias atuais, privilegiando as diferenças e semelhanças entre a vulnerabilidade das massas. Neste sentido, sua hipótese é de que existe homologia na estrutura social entre os vagabundos antes da revolução industrial e diferentes categorias de “inempregáveis” dos nossos dias. Isto é,
não

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