Ética e política
Refletir sobre ética e política não pode prescindir da antiguidade clássica na medida em que deixa como um dos principais legados que a política não pode ser pensada fora do horizonte da ética - o que implica, por sua vez, a posta em prática da melhor forma de governo: a república ou politéia.
Sendo assim, procuramos mostrar como Aristóteles “não separa a política da moral” (Prélot, 2006: XVI), como “a política depende da ética tanto em seu direcionamento quanto em seus meios” (Wolff, 1999: 20), como “a ética enquanto conhecimento do justo faz que a política tome sob sua responsabilidade visando o bem” (Darbo-Peschanski, 1992: 35), como “a política é um terreno de reflexões sobre a conduta humana, as instituições e a sociedade, num marco teórico ligado à ética” (Gual, 2002: 150), como “a política enquanto doutrina de uma vida boa e justa é a continuação da ética” (Habermas, 1990: 49), como “as decisões e práticas políticas promovem e realizam valores” morais ou éticos (Ribeiro, 2006: 9). Em resumo, como no estagirita:
A ciência política deve ser a ética de toda uma sociedade, cuja consistência deriva de um propósito moral comum; ela deve determinar o que é o ‘bem’ para a sociedade, qual a estrutura que vai assegurar a melhor maneira para alcançá-lo, as ações que melhor contribuem para esse fim. Aristóteles não vê diferença essencial entre a ciência política assim concebida e a ética. O bem do indivíduo é idealmente o bem da sociedade; a virtude de um é idealmente a virtude do outro. Na qualidade de ciência de uma sociedade moral em busca do bem pleno, que só pode ser alcançado pela ação comum, a ciência política é, para Aristóteles, a ética suprema (Barker, 1978: 17).
Tomando duas obras do autor, Ética a Nicômaco e A política, podemos dizer que ética e política são duas “disciplinas práticas” ou “artes” que tem como objetivo a felicidade ou eudaimonia tanto em nível individual quanto social e político :
O seu