O silêncio virtual
Meyuri Noce Watanabe
A exclusão virtual difere em muito do silêncio virtual, enquanto a primeira é uma limitação por falta de recursos, a segunda é uma escolha pessoal, que não costuma ser contínua, mas é carregada de significados.
A exclusão é fenômeno novo, no qual os requisitos de pertencimento a determinada classe social foram ampliados pelas conquistas tecnológicas. Não ter um celular com acesso à internet, não possuir facebook ou whatsapp são suficientes para marginalizar uma pessoa na era digital.
O silêncio virtual, por sua vez, é mais uma postura, uma escolha entre as várias formas de interagir no ciberespaço. O silêncio, dependendo do contexto, se mostra uma opção válida e muito utilizada. A sabedoria popular endossa esse pensamento “em boca fechada não entra mosquito”. Ao observar as redes sociais constatamos que, em diversas situações, o melhor teria sido que o participante tivesse se apropriado dessa prerrogativa. Além disso, ser tímido ou extrovertido no mundo real não garantem a correspondência no ciberespaço.
É um mundo novo na comunicação e dentre os meios mais utilizados, atualmente, citamos o facebook, o whatsapp e ensino a distância (EAD). Apesar das novas tecnologias, as posturas, os comportamentos e os defeitos são os mesmos de antigamente, com o agravante da impessoalidade do meio virtual.
O facebook se assemelha à fogueira das vaidades. O objetivo explícito é socializar (talvez com o desejo oculto de saber da vida alheia), demonstrar que se importa com os outros, ter amigos cool e se mostrar cool. O “curtir” garante o feedback, faz o papel de um sorriso ou um gesto de assentimento, e o “comentário” cria uma maior intimidade. A popularidade é medida pelas “curtidas” e pelo número de “amigos”.
O whatsapp, em menor escala, faz um papel parecido. Todos os comportamentos típicos das sociedades tradicionais podem ser detectados no ambiente virtual: necessidade de se sobressair; mentiras sociais; solidão com aparência