O Regresso do Rei
Estava um sol ardente na manhã de Quarta-Feira no pacato bairro de lata nas imediações da capital da nação, quando no fundo do quintal se ouviu o assobio característico que anunciava que a água antigira o seu ponto de ebulição. Era um sinal que alegrava a rapaziada pois, trazia meia certeza de que pelo menos se iria assegurar o estômago esvaziado pelo árduo trabalho que era mais frequente do que a sua remuneração. O cheiro do chá que se difundia em nuvens serpentuosas provocava um acto reflexo que funcionava quase que um interruptor no seio dos vafanas que imediatamente rodeavam a xicandarinha com o objectivo de encher a pança para continuar com o trabalho sem sequer, ter tido uma jornada de repouso para a devida digestão. É que aquela era a única refeição do dia, pelo menos durante o período laboral.
Lampião, braço direito do chefe e mais habilidoso na arte de polir a madeira, assim como nas contas, estava ansioso para o final do dia pois, desejava chegar cedo a sua casa para junto de sua mãe acertar as contas finais do lobolo. É que no fim-de-semana findo, fora notificado oralmente para se apresentar junto da familia de sua namorada, uma vez que, segundo o pai dela, pelo tempo do namoro, já era altura para que o noivo se pronuciasse perante os madotas sobre as suas reais intenções para com a filha.
- Tenho que sair um pouco mais cedo... Tenho um grande problema por resolver em casa dos pais da Gina – disse o Lampião.
- Acho que podes ir, quando o sr. Mugabe voltar da serração virei o que lhe dizer – disse o João.
- João! Tu sabes que és o meu melhor amigo, por isso tenho que dividir contigo esta situação.
- Pois claro! Disso não tenha a menor dúvida. Manda vir...
- Tenho problema com os pais da Gina meu!
- Mas... Pelo que eu saiba, uma vez me contaste que praticamente já te conheciam lá em casa dela.
- Pois é! Acho que é justamente por isso que me estão a solicitar.
- Não entendi nada, mas tudo bem! Agora que começaste vais ter que me