O ensino bilíngue na educação dos surdos)
Com a nova lei de diretrizes e bases, deparamo-nos com uma nova realidade: salas de aula com necessidades especiais. Neste ensaio, trataremos especificamente das necessidades dos surdos, defendendo uma abordagem bilingue, na qual a LIBRAS constitui-se como primeira língua e o português na modalidade escrita, a segunda língua dessa comunidade de fala. Porque defender o biliguismo para o surdo? Primeiramente, vamos discutir os efeitos do uso de uma língua de sinais, no nosso caso especificamente, a LIBRAS -- Língua Brasileira de Sinais—como língua mãe ou primeira língua pelos surdos. Em seguida, trataremos do ensino de português como segunda língua, na modalidade escrita, para os surdos (ou PL2). A LIBRAS como língua mãe. A maioria dos surdos (90%) cresce em famílias ouvintes (Goldfeld, 1997; Batista e Saliés, 2006) e tem acesso restrito à LIBRAS. Essa realidade cria uma barreira de comunicação entre a família ouvinte e o filho surdo, dificultando o engajamento do surdo em práticas de socialização e construção de conhecimento. Sem uso de linguagem em contextos naturais, a a percepção das relações polissêmicas e do dialogismo, que constituem a essência da linguagem, acabam sendo negligenciados. Tal restrição ao acesso de LIBRAS pode gerar atraso de linguagem e não favorece o desenvolvimento dos processos de categorização e outras competências cognitivas como a capacidade de projetar informações de um domínio de conhecimento para outro, abstrair e generalizar. Todos eles, processos do ato de pensar (Luria, 1987; Botelho, 2002) que envolvem a seleção de atributos para formar uma categoria (abstração), a subordinação de objetos a uma categoria geral ou a mudança de uma categoria para outra (pensamento abstrato ou processo de categorização). Em outras palavras, estamos defendendo um modelo de desenvolvimento de linguagem ancorado no uso, que permita ao surdo ESTAR e INTERAGIR