J. Scott. Gênero: uma categoria útil de análise histórica

Nome: Guilherme Prado de Carvalho

SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v.20, n.2, p. 71-99, 1995

Durante séculos, as pessoas evocavam os traços de caráter ou traços sexuais usando de modo figurado o termo gramatical gênero. Este, no entanto, começou a ser utilizado em seu sentido mais literal pelas feministas americanas que objetivavam dar ênfase ao caráter essencialmente social das distinções fundadas no sexo. O uso da palavra sugeriria uma rejeição do determinismo biológico subentendido no uso de termos como sexo ou diferença sexual.
O termo destacava ao mesmo tempo o aspecto relacional das acepções normativas da feminilidade, uma vez que algumas mulheres estavam preocupadas com o fato da produção histórica à respeito de sua categoria fosse excessivamente estreita e apartada. Tendo em vista essa ótica, as mulheres e os homens eram considerados em conjunto pois a compreensão destes sexos não seria possível se os estudos fossem apartados.
Além disso, ressalta-se que “gênero” era um termo alvitrado por aquelas que defendiam que a investigação sobre as mulheres alteraria fundamentalmente os paradigmas disciplinar de modo que seu estudo proporcionaria um reexame crítico das bases e critérios do trabalho científico existente. Para a elaboração de uma nova história, o gênero era desenvolvido como uma categoria de análise, em conjunto com o conceito de classe e raça. Estas categorias assinalavam o envolvimento do historiógrafo que compreendia a história dos oprimidos além do exame do sentido e da natureza de sua opressão. No entanto, a tríade passa a falsa impressão de paridade entre os termos pois cada termo possui fundamentos distintos. Dessa forma, a categoria “gênero” foi objeto de amplas teorizações e referências descritivas às relações entre os sexos.
Em sua grande parte, as experiências dos historiadores no tocante à teorização do gênero ficaram engessadas aos quadros de referências clássicas