A poética de Aristóteles
A autora inicia seu texto abordando a forma como Platão compreendia a mímese. Para o filósofo, a mímese era um tipo de produtividade que não criava objetos originais, mas apenas cópias, que estavam longe da “realidade”. Platão entendia que a arte tinha origem divina e misteriosa, portanto, a mímeses deveria participar do ser originário, “imitando” em seu conteúdo a realidade das formas e ideias. Como é pouco provável que isso ocorra, Platão defendeu que a mímese era falsa, ilusória e prejudicial ao discurso ideal do filósofo.
Aristóteles, discípulo de Platão, refutou o conceito do mestre, engrandecendo o processo mimético: a Arte é afastada da perfeição, da divindade e não está mais restrita a representação do mundo exterior. Segundo Aristóteles, a mímese passa a ser sustentada pelo conceito de verossimilhança, que garante a autonomia da arte, e essa deve fornecer possíveis interpretações do real, através de ações, pensamentos e palavras. Dessa forma, não é necessário que o objeto seja igual ao original, mas reconhecido por manter sua essência.
Em seguida, a autora afirma que Poética é reconhecida como a obra que cria a teoria literária Ocidental, sendo a primeira sistematização do discurso literário. Conjunto de anotações resumidas e obscuras que Aristóteles utilizava para fins didáticos, Poética apresenta a mímese, o mito e a catarse como base da arte poética (literária), ainda que o texto circunscreva aos limites da tragédia e da epopéia.
A segunda parte de “A poética de Aristóteles – Mímese e verossimilhança” é uma revisão comentada de Poética, dividida em sete tópicos, nos quais a autora apresenta um panorama geral sobre os