A neurociência do comportamento agressivo
Adalberto Tripicchio MD PhD
Introdução
O desenvolvimento analítico de um neurobiólogo implica, necessariamente, que ele considere de maneira isolada um dado processo comportamental e uma estrutura cerebral ou sistema neuronal bem definidos.
Tanto em um caso como em outro, o elemento assim isolado só encontra toda a sua significação quando é ressituado no conjunto dinâmico de que foi dissociado em função das necessidades da análise experimental. Além disso, as correlações e - mais raramente - as relações de causalidade evidenciadas entre tal fenômeno comportamental e tal mecanismo cerebral devem ser ressituadas, por sua vez, na dialética mais geral e extremamente sutil das relações entre o cérebro e o comportamento.
Na redação de um trabalho, pode-se seguir o caminho inverso: fornecer, de início, uma visão mais sintética de alguns aspectos essenciais da problemática, servindo a síntese, em seguida, como estrutura de acolhida para os dados mais precisos fornecidos pela análise experimental.
I. As relações entre cérebro e comportamento
Destaco, antes de tudo, o caráter recíproco e não unidirecional, dessas relações. Podemos considerar os comportamentos de um organismo como a soma de eventos que demarcam e constituem uma história individual. Em se tratando de um organismo humano, essa história individual se inscreve na dupla história de nossa espécie: sua história biológica e sua história sociocultural. A história individual, a um só tempo, mergulha suas raízes nessa dupla história da espécie e lhe enriquece - modestamente - a substância.
O cérebro é, sem dúvida, o gerador dos comportamentos, dos acontecimentos de uma história individual, mas é, ele próprio, fruto do comportamento, do diálogo com o meio ambiente. Assim, o cérebro humano foi modelado ao longo de toda a história biológica e evolutiva da espécie, que o dotou progressivamente de boa parte de seus meios de expressão e de ação; e as modalidades de