A medida psicométrica
A Medida Psicométrica
1 - Introdução
A problemática da medida em Psicologia ainda suscita questionamentos ardorosos entre os psicólogos. Há três décadas, o próprio Guttman (1971) ainda se interrogava o que exatamente significava "medida" em ciências psicossociais. Embora, nestas ciências, fossem correntes as expressões sociometria, antropometria, biometria, psicometria, econometria e outras 'metrias', continuavam dúvidas sobre sua significação no campo da epistemologia e da metodologia. Os vários prefixos das "-metrias" evidentemente revelavam a área de conteúdo em que a medida era aplicada. Assim, psicometria seria o uso da medida em Psicologia.
Ainda hoje, essa situação levantada por Guttman não está de todo resolvida. De fato, a teoria da medida em ciências não constitui campo pacífico entre os pesquisadores, sobretudo em ciências psicossociais. Outro complicador, neste contexto, é a tendência de alguns em reduzir, por exemplo, a psicometria, cuja preocupação central é a construção e verificação de hipóteses científicas, a psicoestatística, cuja preocupação é a inferência a partir de amostras. Aliás, este tipo de divergência foi o que provocou, em análise fatorial, a divisão do grupo de Thurstone dos anos 30 em várias correntes, cada qual seguindo seus interesses pessoais de psicometristas, de estatísticos ou de matemáticos, inclusive com a criação de revistas especializadas divergentes da Psychometrika.
Este capítulo pretende caracterizar a psicometria dentro de uma orientação epistemológica quantitativista, mas como ramo das ciências empíricas e não das matemáticas. Estas duas não são conflitantes, mas são epistemologicamente independentes. A distinção precisa ser defendida e cobrado o ônus da prova para a justificativa da viabilidade da associação das duas, isto é, ciência, de um lado, e matemática, do outro (vide Cap. 2).
Em seu sentido etimológico, Psicometria seria, conforme insinuou Guttman