A história da habitação social no Brasil
A problemática habitacional inicia-se, no Brasil, a partir da segunda metade do século
XIX, com o desenvolvimento do capitalismo. Nesta época, o “homem livre” começa a vender sua força de trabalho, condição necessária para a reprodução do capital, e a propriedade privada da terra transforma-se em mercadoria, passando-a de meio de produção a meio de especulação. Assim, a moradia torna-se o bem mais difícil de ser adquirido pelos trabalhadores. A casa é uma mercadoria essencial para a reprodução do trabalhador, no entanto, não é objetivo do capitalismo fornecer condições para que todos tenham acesso as mais diversas mercadorias, dentre as quais a casa.
Esses trabalhadores despossuídos, compostos de antigos moradores de fazendas, senzalas, imigrantes de outros países etc., migraram para as cidades, a fim de desenvolver as atividades urbanas ligadas à atividade cafeeira, gerando a expansão do mercado de trabalho e, consequentemente, a concentração de pessoas mal alojadas, sobretudo imigrantes em busca de trabalho.
Imigrantes trabalhando na produção cafeeira
Fonte: http://novahistorianet.blogspot.com.br/2009/01/o-caf-no-brasil.html
Neste contexto, aparece o cortiço, principal e primeira forma para abrigar o “homem livre”, solução apresentada pela iniciativa privada por meio do aluguel. A classe dominante, ao mesmo tempo em que se sentia ameaçada pelos cortiços, por se constituírem num foco de epidemias, precisava deles, para o abrigo dos trabalhadores.
A partir daí a questão sanitária passou a justificar o controle por parte do governo sobre o espaço urbano e sobre as habitações da classe trabalhadora. No entanto, isto não significava que as normas dos higienistas eram obedecidas plenamente, dessa forma, cada vez mais se ampliava a distância entre os padrões legais e a efetiva construção de moradias populares. A maioria deste tipo de moradia possuía dimensões mínimas, acarretando na péssima
qualidade