A Democracia e a Rosa Vermelha
Davide Giacobbo Scavo
Resumo: A contribuição de Rosa Luxemburgo no campo democrático será elemento chave para uma análise crítica da teoria democrática liberal, subalterna às exigências do “capital global”, garantindo a governabilidade e a estabilidade em sociedades sempre mais dominadas pela racionalidade econômica e pela lógica do mercado. Rosa Luxemburgo propõe uma democracia de marca popular, resgatando a participação popular como elemento indispensável para a emancipação da classe dos subordinados e para sua verdadeira inclusão. Um processo democrático que se aprende e se desenvolve na prática, quando a grande maioria tem a oportunidade de tomar as decisões sobre o seu próprio destino, operando no político, econômico e social, agindo nos lugares de produção, modificando as relações desiguais entre o proprietário dos meios de produção e o trabalhador dono da força de trabalho. Uma teoria democrática revolucionária que não foge do conflito de classe, da exploração do trabalho e das injustiças que caracterizam e limitam a democracia hoje hegemônica.
1 INTRODUÇÃO A hipótese que orienta este trabalho é substancialmente a ressignificação do conceito de democracia, hoje reduzida a mera normalização das instituições, apresentada como um método procedimental, passando-se do exercício ativo do poder popular, como aparecia no seu significado original, para o gozo passivo dos direitos pessoais, trocando os direitos coletivos com a privacidade e o isolamento do cidadão individual. Um modelo democrático centrado na governabilidade1 do sistema, que marginalizando a grande maioria, incapaz de contrapor-se ao poder do capital que julga os cidadãos principalmente pela capacidade de consumo, propondo políticas públicas centradas nos princípios de utilidade e rentabilidade econômica, afastando, ao mesmo tempo, todos os outros critérios de escolha que sejam diferentes do espírito racional do capital.
No começo de século passado,