A arte contemporânea e as narrativas da arte brasileira sob o signo da antropo-tecno-fagia

2559 palavras 11 páginas
A arte contemporânea e as narrativas da arte brasileira sob o signo da antropo-tecno-fagia
Cida Donato – (UFRJ)
A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.
(Manifesto antropófago - Oswald de Andrade)
Só a antropo-tecno-fagia nos une! Potencialmente. Ciberneticamente. Humanamente.
(Parodiando o manifesto antropófago de Oswald de Andrade) Dizer que o homem e a arte são, na concepção estrita da sentença, agentes do fenômeno estético, não é novidade alguma; tampouco conceber a arte contemporânea enquanto um acontecimento de difícil compreensão, no qual encontram-se (des)organizados o ser humano e o seu vigor poético. Contudo, defender ou não defender, postular ou não postular o que quer que seja, não é o que importa neste ensaio, pois que se busca no momento não é o inédito, tampouco o que nunca foi escrito ou pronunciado. Ao contrário, busca-se o que já foi dito, vivido, experimentado e transcendido, seja na arte, na religião ou em qualquer outra forma de manifestação das culturas. Busca-se o Ser humano em sua expressão mais singular; uma expressão compatível com o que se sente e se produz.
A arte é, em essência, o movimento da poiesis na potencialização da physis posta em obra, considerando, nessa trama, o humano inteiramente integrado enquanto matéria, enquanto criador, enquanto fruidor. Assim sendo, a arte é o homem espelhado e espelhando-se na obra, na complexa relação que estabelece com o seu contorno existencial: a arte não existe apenas enquanto forma, enquanto objeto, ela “É” na medida em que se torna capaz de dialogar com os estímulos e as sensações que pulsam em cada animal estético. Arte é aesthesia. É provocação de sentidos. É o deslocamento da dimensão objetiva para a dimensão subjetiva; de um espaço vivido para um espaço que transcende a própria vida, logo, arte é existência.
A arte contemporânea

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