weber

II
O espírito do capitalismo
Só pode ser explicado por uma individualidade histórica, isto é, um complexo de elementos associados na realidade histórica, montada de suas partes individuais. A peculiaridade dessa filosofia de avareza parece ser o ideal dos homens honestos, de crédito reconhecido, e acima de tudo a idéia de dever que o indivíduo tem no sentido de aumentar o próprio capital, assumido como um fim a si mesmo. De fato, o que nos é aqui pregado não é apenas um meio de fazer a própria vida, mas uma ética peculiar. A infração de suas regras não é tratada como uma tolice, mas como um esquecimento do dever. Não se trata de mera astúcia de negócios, mas de um ethos. O conceito de espírito do capitalismo é usado aqui no sentido específico de espírito do capitalismo moderno (Europa Ocidental e da América do Norte onde o ethos particular não faltou). Tais virtudes, assim com as demais, só são virtudes a medida em que são úteis ao indivíduo, é a substituição pela mera aparência é sempre suficiente desde que atinja o fim desejado. E esta é a conclusão inevitável do utilitarismo estrito. De fato, é pensado tão puramente como um fim em si mesmo, que do ponto de vista da felicidade ou da utilidade para o indivíduo parece algo irracional. O homem é dominado pela geração de dinheiro como propósito final da vida. A aquisição econômica não mais está subordinada ao homem como um meio para a satisfação de suas necessidades materiais. Essa inversão daquilo que chamamos de relação natural é evidentemente um princípio guia do capitalismo. Ela expressa ao mesmo tempo um tipo de sentimento que está intimamente ligado com certas idéias religiosas. O ganho de dinheiro na moderna ordem econômica é o resultado e a expressão da virtude e da eficiência em certo caminho.
Característico na ética social da cultura capitalista e constitui sua base fundamental: obrigação que se supõe que o indivíduo sinta em relação