vida boa
Newsletter científico do Centro de Combate ao Câncer
Número 08 - Julho de 2012
A experiência de luto dos oncologistas frente à perda de pacientes
Elizabeth Nunes de Barros
Psico-oncologista, coordenadora do Setor de Psicologia do Centro de Combate ao Câncer.
Cuidar de pacientes gravemente doentes e em fase terminal pode produzir reações de luto nos profissionais de saúde. No contexto da oncologia, a atuação desses profissionais implica lidar com as repercussões do câncer ameaçando vidas e sofrer as intercorrências da doença em situações extremas, numa realidade diária em que são forçados a lutar contra a morte inevitável e as perdas que ocorrem em seu ambiente de trabalho. Enquanto todos os profissionais podem potencialmente ficar
porcionar uma oportunidade única para que a relação entre médico,
de luto pela perda de um paciente, a experiência de luto dos oncolo-
paciente, equipe e família seja aprimorada, pois ela os aproximará na
gistas tem elementos únicos relacionados ao senso de responsabilidade
essência do cuidar, conduzindo o profissional para a individualização da
que eles têm pela vida dos pacientes.
assistência prestada.
Estar ao lado do ser humano no momento de morte nos coloca diante
Os profissionais frequentemente oferecem apoio aos pacientes e
de nossas angústias existenciais, das quais estamos constantemente
familiares, contudo não têm tempo e nem um espaço para vivenciar
nos esquivando para nos proteger. O contato íntimo com a doença,
seu próprio pesar pelo sofrimento e morte de seus pacientes. Sempre
a dor, o sofrimento e a morte são fatores estressantes inerentes ao
há um próximo paciente, com necessidades que precisam de atendi-
trabalho assistencial em saúde, que permeiam a formação e o exercício
mento imediato, e o médico deixa de lado suas emoções e sentimentos
profissional, em especial, de médicos. Deparar-se diariamente com es-
para poder atendê-lo. O luto