Vargas
Compreender o real significado do governo Vargas, e m seus dois períodos de governo
(1930/45 e 1950-54) só é possível se fizermos um ba lanço profundo das várias faces de seu governo, o que não é o objetivo deste texto. Mas devemos diz er que, se no primeiro período, por exemplo, seu governo foi acentuadamente autocrático e após o gol pe do Estado Novo em 1937 foi brutalmente ditatorial. Para compreendê-lo melhor teríamos que voltar a 193
0, quando eclodiu no Brasil a chamada
“Revolução de 30”, movimento político-militar que foi algo mais que um golpe e menos do que uma revolução. Já, então, começava o enigma Vargas. O l evante político-militar que levou à ascensão de
Vargas marcou desde logo o fim do domínio agrário-exportador dos barões do café e o nascimento de um projeto industrial ancorado num
Estado forte e numa política nacionalista
.
Vitorioso à frente de um movimento que recusava o d omínio único das oligarquias cafeeiras, o estancieiro dos pampas foi buscar nas várias olig arquias e frações dissidentes a base para liderar um projeto político que possibilitasse o salto defi nitivo do Brasil, do mundo agrário-exportador para o universo urbano-industrial, capaz de sustentar um novo projeto para a nação. Mas era necessária também uma nova forma de relacionar-se com a classe trabalhado ra , era necessário tirá-la da triste condição de “caso de polícia”, como dizia o preside nte deposto em 1930, Washington Luís e tratá-la como uma verdadeira “questão social”, trazendo o tr abalho para o centro da vida nacional.
É exatamente neste universo que se pode compreender a questão trabalhista
, que conferiu a Vargas o título de “ pai dos pobres” e o converteu no mais importante representante da nossa classe dominante em toda a história republicana bra sileira. A obra maior da engenharia política getulista foi trazer as classes trabalhadoras para a agenda do