Valorizacao da moeda Americana
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A valorização da moeda americana atinge o Brasil em um momento de fragilidade. O governo reage, tenta conter o contágio cambial, mas os brasileiros pagam o preço de uma política econômica inepta Marcelo Sakate e Ana Luiza Daltro Os brasileiros evocam lembranças do passado e parecem entender a mensagem com facilidade: o dólar em alta é sinal de menos dinheiro no bolso. É indício de que a queda do poder de compra do real diante da moeda americana logo desencadeará outros estragos que culminarão em inflação e desemprego. A oscilação na cotação cambial funciona como uma espécie de aferidor, em tempo real, da confiança depositada pelos investidores em um país. Por esse termômetro, a política econômica brasileira passou a enfrentar, nos últimos meses, uma crise de credibilidade. Na semana passada, o dólar comercial chegou a ser cotado a 2,45 reais, o maior valor desde dezembro de 2008. Nos últimos três meses, a alta acumulada alcançou 20%. O dólar turismo, aquele pago pelos brasileiros em viagens ao exterior, bateu em 2.60 reais. A rapidez na valorização do dólar traz preocupações em virtude de seus impactos sobre toda a economia. Os preços de produtos importados e também daqueles cujas cotações acompanham os valores internacionais já subiram. O aumento afeta itens considerados supérfluos, como carros de luxo, mas atinge também insumos indispensáveis, como trigo, componentes eletrônicos e petróleo. Com o dólar mais caro, aumentou a defasagem no preço da gasolina e do diesel. O reajuste é iminente. Os economistas estimam que um aumento de 20% no preço do dólar, depois de um ano, eleva a inflação brasileira em 1 ponto porcentual. Ou seja. a inflação anual, hoje ao redor de 6%, subirá para 7%, caso o dólar se estabilize no atual patamar. Por isso, o Banco Central (BC) deverá continuar subindo a taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses. O cenário ficou mais adverso para as empresas nacionais, um bom naco delas com dívidas elevadas contraídas em dólares. Essa